Filmes

Para entender o fenômeno fotográfico, é necessário, primeiramente, entender o que é fotossensibilidade.

Fotossensibilidade é a capacidade que alguns materiais possuem de alterar-se mediante uma exposição à irradiação luminosa. Exemplos bastante conhecidos são o bronzeamento da nossa pele quando exposta ao sol, o enegrecimento da prata, o esmaecimento da cor dos tecidos das cortinas depois de longo tempo de uso e a fotossíntese das plantas. Note-se que, em alguns casos, houve escurecimento e, em outros, esmaecimento.

Os materiais fotográficos, de maneira geral, são constituídos por um composto fotossensível - que enegrece quando exposto à luz - à base de haletos de prata. Esses haletos, associados a uma gelatina animal, formam o que conhecemos por emulsão fotográfica.

As emulsões fotográficas reagem de forma diferenciada em relação à intensidade e à qualidade de luz a que são expostos. No primeiro caso, existem várias sensibilidades na emulsão ou, ainda, uma variação na velocidade de reação à luz; no segundo, uma sensibilidade específica a certos tipos de luz, quais sejam: cega (sensível apenas à cor azul), ortocromática (sensível ao azul e ao verde) e pancromática (sensível a todas as cores).

A emulsão deve ser uniformemente espalhada sobre uma superfície que funciona como suporte. O suporte fotográfico dos filmes, atualmente, é em material plástico, que oferece garantias em suas características de resistência mecânica, transparência, flexibilidade e estabilidade dimensional (não dilata ou retrai) - o triacetato de celulose - e é composto da seguinte maneira: numa das faces, fixada por meio de um adesivo, a emulsão fotográfica; na face oposta, uma camada anit-halo, fixada pelo mesmo adesivo.

2. A EMULSÃO

A emulsão dos filmes é constituída por haletos de prata - que, agrupados, formam o que conhecemos por grão ou granulação - imersos em gelatina animal. Os haletos de prata reagem rapidamente mediante exposição luminosa, formando uma imagem precisa e detalhada, e têm a propriedade de tornar-se insensíveis à luz depois de processados. Quando a luz atravessa a emulsão, altera a composição dos grãos sobrepostos que encontra pelo caminho, sendo necessária uma intensidade mínima em sua exposição, abaixo da qual não ocorre nenhuma alteração. O fundamental é que a exposição garanta não só o registro da luz, mas também o de algumas variações de sua intensidade nas sombras (áreas menos iluminadas).

2.1. SENSIBILIDADE

O registro da imagem está diretamente vinculado à capacidade de captação e reação à luz que os filmes apresentam. Esta capacidade é conhecida como sensibilidade de um filme, e sua variação pode ser medida segundo três sistemas métricos: ASA (American Standards Association), DIN (Deutsche Industrie Norme) e ISO (Internacional Organization for Standardization). Destes, os mais utilizados são o primeiro e o último, por terem progressão aritmética; o sistema DIN exige uma compreensão mais detalhada, pois sua progressão é logarítmica.

Considera-se como média uma emulsão de ISO 100/21; abaixo deste valor, as emulsões são lentas, precisam de mais luz para registrar as imagens; acima de ISO 400/27, são consideradas rápidas, pois registram densidades com quantidade de luz muito menor.

Como a escala ASA é aritmética, a um número duplo corresponde o dobro de sensibilidade à luz. A emulsão ASA 200 necessita da metade da luz da emulsão ASA 100 para registrar a mesma densidade; uma emulsão ASA 100 registra metade da densidade da emulsão ASA 200 com igual quantidade de luz. Uma emulsão ASA 400 necessita de um quarto da luz de que, nas mesmas condições luminosas e com a mesma exposição, necessita uma ASA 100 e assim por diante.

Além da sensibilidade, há outra diferença importante entre os filmes: sua construção. Os filmes mais sensíveis possuem cristais de haletos de prata maiores do que os de baixa sensibilidade, o que produz uma diferença na sua granulação. Os filmes rápidos são mais granulados e possuem uma distribuição de grãos menos homogênea do que os filmes lentos.

2.2. DEFINIÇÃO

Definição é a capacidade da emulsão de registrar com maior ou menor precisão uma linha, um limite ou uma textura. Quando a luz atinge a emulsão, é ligeiramente dispersada pelos grãos sobrepostos de modo que afeta com maior ou menor profundidade uma área. Isto causa uma perda natural de definição dos limites e texturas de uma imagem, o que poderá ser mais ou menos intensificado de acordo com a sensibilidade e o processamento do filme. Quanto mais espessa for a emulsão e quanto maior o seu grão, menor será o seu poder de definição e, portanto, os filmes de granulação fina terão maior capacidade de registro de traço.

2.3. CONTRASTE

O contraste é a relação entre o negro profundo e a transparência quase completa que os materiais fotossensíveis permitem. O tamanho da granulação interfere na espessura da emulsão e, conseqüentemente, altera o contraste, porque os grãos pequenos são geralmente iguais, o que permite melhor distribuição sobre o suporte, resultando em um negro mais denso e uma transparência mais aceitável. Uma emulsão mais sensível é composta de grãos maiores e de tamanhos variados, não possui negro tão denso, nem transparência tão grande. Portanto, as emulsões mais lentas são bem mais contrastadas do que as emulsões rápidas.

Os filmes de baixo contraste (ASA alta) são os que possuem pouca densidade nas altas luzes (zonas negras) e capacidade para formar uma longa gradação de cinzas. São os mais indicados para registrar situações que apresentam grande variedade de intensidades luminosas. Os filmes de alto contraste (ASA baixa) são os que possuem um negro denso no registro das altas luzes e pouca capacidade no registro dos detalhes (gradação de cinzas). São bastante usados na reprodução de textos, projetos gráficos, desenhos e nas fotografias em que o alto contraste é um elemento importante.

2.4. LATITUDE

A exposição (diafragma/obturador) determinada pelo fotômetro indica uma certa quantidade de luz que atingirá o filme, correspondente a uma média entre as diferentes luminosidades da cena fotografada. A latitude é a capacidade que os filmes têm de registrar uma gama de tons acima ou abaixo desta média prevista, ou seja, a flexibilidade na exposição.

A latitude é proporcional à sensibilidade do filme: quanto maior a sensibilidade, maior a latitude. Os filmes que possuem grande latitude captam mais detalhes em áreas de diferentes luminosidades, tornando o negativo mais uniforme. Há fatores que alteram a latitude de um filme, como a exposição, o processo de revelação, o vencimento, o calor e a umidade.

2.5. FORMATOS

Durante muitos anos, as câmeras fotográficas utilizaram material sensível de muitos tamanhos diferentes; cada fabricante construía o seu aparelho para o formato de negativo (ou positivo) de sua preferência. A necessidade de comercializar as películas e as câmeras em escalas cada vez maiores levou à padronização desses formatos, que, hoje em dia, estão reduzidos a padrões internacionais. O filme é produzido em grandes folhas que são cortadas, fazendo com que haja emulsão mesmo nas partes que não serão aproveitadas; desta forma, o que determina a área da imagem é a janela da câmera em que o filme é exposto. Os filmes convencionais são comercializados em rolos ou em chapas planas (filme rígido).

Formato Nome/código Fotograma
Pequeno 35mm/135 24mm X 36mm Nikon, Canon, Minolta, Pentax, Yashica, Leica, Contax.
Médio 120 ou 220 6 X 4,5cm 6 X 6cm 6 X 7cm 6 X 9cm Mamiya, Pentax, Hasselblad, Fuji,
Grande Filme chapa 4 X 5" 8 X 10" Sinar, Linhof, Callumet, Cambo.

 

Filmes e suas características:

ISO

ASA/DIN

sensibilidade à luz

grão

definição

tons/gradação de cinzas

saturação/contraste

latitude

(flexibilidade)

50/18 pequena pequeno alta poucos alta(o) pequena
100/21 média médio satisfatória normais média(o) razoável
400/27 grande grande baixa muitos baixa(o) grande